Jovem nascido em Caxito (Bengo) está radiante por regressar ao país e representar uma equipa da primeira divisão nacional. Fotografia: Jornal dos Desportos
O médio trinco Adão Joaquim, que na última semana assinou contrato com a direcção do Progresso do Sambizanga, válido por dois anos, depois de nos últimos seis meses ter representado o FC
Chiasso, da primeira divisão suíça, disse ontem, em entrevista ao Jornal dos Desportos, que tudo vai fazer para honrar o compromisso assumido e ambiciona brilhar ao serviço da equipa
sambila.
O jovem angolano que representou as selecções de sub-15, sub-16 e sub-19 da Suíça (também tem a nacionalidade daquele país), disse que veio para Angola, concretamente para o Progresso do
Sambizanga, porque é uma pessoa que gosta de grandes desafios, por acreditar no crescimento do país e para ajudar os sambilas a atingir as metas traçadas para a nova época. "Sou uma pessoa que
gosta de desafios, pois na minha vida constam muitas etapas que não foram ainda concretizadas.
Por isso, aceitei a proposta para jogar em Angola, país em que nasci e de quem me orgulho.”Adão Joaquim deixou o país em 1994. Com 21 anos de idade e muito utilizado na época passada, o jogador
afirma que era aposta constante do seu treinador no FC Chiasso, mas a ambição de atingir outros patamares falou "muito alto", daí a sua vinda para Angola.O antigo médio do FC
Chiasso revelou que esteve à beira de jogar no 1.º de Agosto e no Benfica de Luanda, mas o seu empresário, Xavier Cassoma, foi convencido pelo presidente do Progresso do Sambizanga, Paixão
Júnior, que apresentou um contrato mais ambicioso.
A cobiça dos clubes angolanos pelos seu serviços, de acordo com o jovem futebolista natural de Caxito, província do Bengo, é fruto de muito trabalho e desempenho pessoal, o que tem dado nas
vistas a muita gente ligada ao futebol."Quando as pessoas na Suíça e noutras parte da Europa se aperceberam que vinha para Angola, disseram-me que vinha para morrer, respondi-lhes que não, pois
é o país que me viu nascer, está em desenvolvimento e que promete muito ao mundo", sustentou.
Adão tem noção de que o Girabola é bastante competitivo. Porém, isso não o amedronta, pelo contrário, está confiante em que vai se enquadrar rapidamente com a ajuda dos colegas, equipa técnica
e dirigentes do clube. "Estou muito bem entregue. Vou procurar impor-me, granjeando uma relação saudável com os colegas, técnicos, dirigentes do clube e da Federação Angolana de Futebol, com
todos os jornalistas, adeptos e sócios do clube, tendo em conta a minha forma de ser e estar", assegurou.
DIRECÇÃO E PLANTEL
Reforço sambila defende união
O médio trinco Adão Joaquim, do Progresso Associação Sambizanga, que ontem regressou à Suíça para tratar de questões administrativas, após assinar contrato de trabalho com a direcção do clube
presidido por Paixão Júnior, esteve apenas seis dias em Luanda. Ainda assim, embora seja prematuro falar da relação com a direcção do clube e equipa técnica, Adão Joaquim assegurou ao JD que no
pouco tempo que esteve no país conseguiu aproximação com a direcção, mantendo contactos pessoais com alguns dirigentes.
"Tive um encontro com o vice-presidente para o futebol, Manuel Dias dos Santos, com quem conversei muito, e com o treinador Lúcio Antunes. Como treinador profissional, gostei a forma como o
técnico conversou comigo. Falou-se em perspectivas e muito mais. Gostei muito conversar com estas pessoas.” O jogador disse que quer aprender com os dirigentes, equipa técnica e colegas,
pois vem de uma realidade diferente da que encontrou no país.
Ou seja, Adão fez toda a sua carreira futebolística na Europa, uma vez que saiu de Angola, em companhia dos pais, aos dois anos de idade. "Aqui (Angola) ninguém me conhece. Portanto, são
os dirigentes, técnicos e colegas que vão fazer de mim um angolano na sua própria terra", referiu, tendo assegurado que brevemente pode vir a conhecer alguém com grau de parentesco. O último
reforço do Progresso do Sambizanga, que já representou as selecções jovens da Suíça (sub-15, sub-16 e sub-19), em momento algum manifestou arrependimento por ter trocado o futebol suíço pelo
angolano, um percurso que teve a ajuda do seu empresário, Xavier Kassoma.
FORMAÇÃO
Carreira começou no Fribourg
Adão Joaquim, filho de pais angolanos, naturais da cidade de Caxito, província do Bengo, formou-se nas escolas FC Fribourg, onde também jogou de 2005 a 2006 nos sub-14, nos sub-15 (2006 a 2007)
e na equipa de sub-16 (2007 a 2008).Perspectivando voos na carreira, Adão Joaquim, em 2008, transferiu-se para Neuchatel Xamax, em sub-18, clube que representou até 2009, ano em que assinou
pelo FC Sion, já nos seniores, onde jogou até meados do ano passado.
Em 2013, o médio trinco Adão Joaquim conheceu outra etapa da sua curta carreira. O jogador assinou contrato com o FC Chiasso, onde esteve seis meses, altura em que recebeu o convite para
representar o Progresso Sambizanga, num processo em que estiveram igualmente as formações do 1º de Agosto e do Benfica de Luanda.
O jovem disse conhecer um pouco do futebol nacional, pois com as novas tecnologias de informação não há nada que esteja em segredo. "O mundo está cada vez mais próximo. Podemos estar em
qualquer parte do mundo, mas sempre unidos. Desta feita, devo aqui afirmar que já ouvi falar de muitas equipas angolanas, Interclube, Kabuscorp do Palanca, 1º de Agosto, Petro de Luanda e
tantas outras.” Adão conta no seu palmarés com um título do Campeonato Suíço da Primeira Divisão (2010/2011), uma taça da Suíça em sub-18 (2008/2009) e um campeonato suíço de sub-15
(2006/2007).
CONVICÇÃO "Prometo trabalho"
Com um discurso adulto, próprio de um profissional, o médio Adão Joaquim adoptou um perfil para aquilo que vai ser a sua presença na formação do Progresso do Sambizanga, mostrar trabalho e
falar pouco. Por isso promete trabalhar ao máximo para ajudar a equipa e a direcção do clube a atingir os seus objectivos, uma das razões da sua contratação."Eu sou um jogador profissional e
jogar é o meu trabalho. Todo o trabalho merece respeito e disciplina, porque se não se tem essas virtudes não se chega longe. Com essas virtudes que me caracterizam posso perspectivar um
futuro promissor", disse.
Ainda de acordo com o jogador, de 21 anos de idade, a procura de um lugar apenas olhando ao salário pode não ser uma boa opção, ou seja, para ele o atleta primeiro deve ter consciência da sua
competência e ser bastante profissional.
"Estou preparado para o que der e vier, pois a razão que me trouxe a Angola é conhecer outros desafios, porque de contrário não estava cá", referiu. O reforço sambila, que ontem viajou
para a Suíça para tratar de assuntos administrativos pendentes, segue no dia 25 do corrente para o Brasil, onde a equipa às ordens do cabo-verdiano Lúcio Antunes vai realizar a última
fase da preparação da pré-época.
Jornal dos Desportos