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CARTA ABERTA CONTRA A FALSIFICATION DA HISTÓRIA DE MBANZA-KONGO E DO REINO DE KONGO DIA NTOTILA

Rio de Janeiro, 07de setembro de 2016.

  

À

    Alta atenção da senhora Sonia Domingo,

Coordenadora do projeto arqueológico de

‘’MBANZA-KONGO-Cidade a desenterrar para preservar’’

 

 

SAMBA TOMBA JUSTES AXEL

                 Licenciado em História e Estudante

                  à Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ)

                     Email: sambaaxel@gmail.com

                      Tel. (21)998641537   

 

 

Objeto: CARTA ABERTA CONTRA A FALSIFICATION DA HISTÓRIA DE MBANZA-KONGO E DO REINO DE KONGO DIA NTOTILA

 

Prezada (o) (s) senhora(s) (es) da Cultura Africana,

‘’A ignorância do Passado não se limita a prejudicar ao conhecimento do Presente: ela compromete no Presente a ação mesma’’ disse uma lição de História.

Através esse pensamento, nós compreendemos que quando a gente falsifica a história, ela falsifica também o presente, pois sem Passado, não tem Presente, nem Futuro.

Com efeito, o objetivo que me levou a escrever essa carta aberta contra a falsificação da história de MBANZA-KONGO, antiga e majestosa capital do poderoso Reino do Kongo Dia Ntotila, é para denunciar a destruição de nosso Passado africano pelos detratores da História autentica africana.

Após de ler uma notícia no blog de ‘’Portal de Uíge e da Cultura Kongo’’ em data do 5 de setembro que tem título ’ Mostras confirmam antiguidade da Cidade’’ sobre as escavações que se fazem em Mbanza-Kongo para torná-la Patrimônio Cultural Mundial da UNESCO, eu li um parte que disse na mesma notícia: ‘’Uma das amostras enviadas para os laboratórios arqueológicos fora do país confirmou que MBANZA-KONGO é a cidade mais antiga de Angola. Os laboratórios ajudaram a confirmar a data registrada nos arquivos da cidade, onde a criação de MBANZA-KONGO é apontada como tendo ocorrido no ano de 1439, antes a chegada dos portugueses á foz do rio Zaire’’.

Essa ano de 1439 é verdadeiramente falso, sem fundamentos históricos autênticos com fatos anteriores enunciados pelas tradições Kongo, Ambundu, pelos primeiros missionários que chegaram lá, e pelos grandes historiadores e pesquisadores.

A fundação de Mbanza-Kongo é anterior a 1439.

Para começar minha argumentação histórica, nos dizemos que a cidade de Mbanza-Kongo é uma cidade cuja fundação remonta ás primeiras conquistas do príncipe NIMI A LUKENI do pequeno reino de Bungu ou Vungu (situado á abordagem direita do Rio Kongo no atual Congo Brazzaville): ver RANDLES em sua obra titulada: ‘’O antigo Reino do Kongo das origens no fim do século XIX’’, Paris, edição Mouton, 1969.

O ano dessas conquistas é objeto de muitas discussões entre historiadores. Enquanto á luz das tradições orais Kongo, Ambundu é cerca de 690 de nossa era, que NIMI A LUKENI com seus companheiros, depois de conquistar as terras dos clãs Kongo (stricto Sensu) que são NZINGA, NSAKU, MPANZU, e dos Ambundus, vai fundar uma capital em nome de MONGO WA KAILA (Montanha da repartição). Sobre ‘’Mongo wa Kaila e outros nomes da capital’’, ver o Historiador congolês JOSEPH ZIDI em ‘’CURSO DE HISTORIA DE ÁFRICA E DO CONGO’’,primeiro período, Universidade MARIEN NGOUABI.

 

Essa primeira capital foi fundada acima duma montanha, que segundo as tradições, LUKENI dividiu essa capital aos seus companheiros, E a partir daí, ele mesmo LUKENI vai ser o primeiro Mani Kongo (Rei do Kongo) nesse ano de 690.

E essa data de fundação de 690 é retomada e confirmada pelos historiadores americanos Anne HILTON em seu livro: ‘’THE KINGDOM OF KONGO’’ Clarendon Press 1985, páginas 86-132, e Alemão Peter TRUHART e K.G. SAUR MÜNICH em seu livro coletivo: ‘’ Regents of Nations ‘’, art. « Costal States /Küstenstraten », p.23O-24O, 1984-1988. E mesmo pelo pesquisador em tradições Kongo Ne Mansueki em seu blog: www.ne-kongo.net .

Depois de ser ‘’Mongo wa Kaila’’, a capital do reino Kongo (diferente do Reino do Kongo Dia Ntotila) vai ser chamada ‘’ NKUMBI A NGUDI’’(o Umbigo da Mãe) durante sempre as dinastias de LUKENI e de seus sucessores próximos, até em ano de 800 de nossa era ( século IX). E depois, terão novos Mani Kongo (reis) até em 1100. E a partir do século XIII(1200), os sucessores distantes de LUKENI vão ampliar o reino Kongo espacialmente, tornando maior com uma organização alta das províncias, as funções dos governadores e de muitos conselhos é uma nova estrutura na continuidade da antiga estrutura.

Essa nova estrutura vai ser o Reino de KONGO DIA NTOTILA. Em outras palavras: o reino do Kongo unificado, a confederação da Nação Kongo, das culturas, já foi o apogeu. tudo isso fundado pelos sucessores de Lukeni, ora NIMI A LUKENI fundou só o reino Kongo: uma estrutura gerada ao nível de clãs,etnias,autonomes,sem ligados políticos entre eles e todas comunidades étnicas autonomes reconheceram NIMI A LUKENI como chefe supremo,sem ter o verdadeiro poder de unificação dos todos grupos humanos no seu território.

E daí, naquela época de Kongo Dia Ntotila, a capital vai ser nomeada por ‘’MBANZA-KONGO’’ que significa: ‘‘Sede, lugar, grande Centro do Povo Kongo inteiro’’.

Enquanto o ano de 1439 que a Coordenadora, você fala não é adequada historicamente,quando nos vemos que em 1439,é o Mani Kongo NKUWU MUTINU (filho próprio de LUKENI), que é ao poder, e com ele, nos estamos ao décimo quarto Rei do Kongo, EM APOGEU do reino. E depois dele, é o décimo quinto rei NZINGA NKUWU JOAO I (primeiro rei conhecido pelos portugueses na História do Kongo). Ver Anne Hilton, Truhart, Munich, e Ne Mansueki nas mesmas obras. Outras fontes, nos fala do quinto rei como o padre Van Wing em sua obra ‘’Estudos Bakongo’’, Volume1

E antes da chegada dos portugueses e durante a chegada, o reino de Kongo Dia Ntotila já foi há muito temo atrás, um Estado muito bem organizado politicamente, economicamente. O autor congolês GAUHY NZINGOU (da República do Congo) do livro: ‘’PRECIS D´HISTOIRE DU CONGO BRAZZA (1482-1960)’’ nos diz que: ‘’ Em 1490 MBANZA-KONGO, a capital já foi uma cidade crescente’’. Isso mostra que a cidade já fez um longo percurso de desenvolvimento.

Ora em 1439, MBANZA-KONGO é o pico da sua fundação, portanto, impossível que ela seja criada nesse ano, é uma falsificação, um erro gravíssimo histórico dos laboratórios arqueológicos, que trabalharam sobre MBANZA-KONGO,eu tenho certeza que eles manipularam esse resultado,sem bases cientificas.

Por favor, senhora Sonia Domingo, e todas outras personalidades da cultura do projeto de MBANZA-KONGO, de modificar esse ano falso de ‘’1439’’para substituir o ano de ‘’690’’ ou ‘’cerca de 690’’ para a verdade de nossa historia africana. E se vocês quiseram, podem pesquisar ás autoridades tradicionais verdadeiras e sábias.

Atenciosamente,

SAMBA TOMBA Justes Axel,

Licenciado em História

Pesquisador do Grupo de Pesquisa ​Multi-Institucional ​África​s(UERJ)
www.grupoafricas.wix.com/site
Membro pesquisador da ABPN
Membro do laboratório  LéAfrica(UFRJ).

 

-Copia a:

-Sonia Domingo, Coordenação do projeto de ‘’MBANZA-KONGO’’,

-Ministério da Cultura de Angola,

-Unidade de UNESCO de Patrimônio Mundial para a Região de África,

-Bureau Regional de UNESCO de Organismos multi setorial de África,

- Instituto Nacional do Patrimônio Cultural de Angola,

-Embaixada de Angola no Congo Brazzaville,

-Embaixada de Angola no Brasil.

 

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