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TAAG volta a Kinshasa

TAAG volta a Kinshasa

Angola e a República do Democrática do Congo (RDC) reforçaram ontem o acordo de cooperação do domínio do serviço de transporte aéreo, que vai permitir o retorno da companhia aérea de bandeira angolana, TAAG, aos céus congoleses, cerca de cinco anos depois.

A boa nova agita os cidadãos dos dois lados, que doravante passam a poder visitar parentes e amigos com maior frequência, rapidez e segurança. O acordo no domínio aéreo também abre novos horizontes no comércio. Consta que a interrupção da frequência da TAAG Luanda/Kinshasa teve forte impacto na economia local, com muitos comerciantes a serem obrigados a reavaliar e até mesmo fechar os seus negócios.


As negociações entre equipas técnicas dos dois lados resultaram praticamente num novo acordo, completamente diferente do que vigorava desde 1978. O novo texto prevê sete frequências semanais ou um voo diário. Tão logo as autoridades aeronáuticas congolesas confirmem estarem criadas as condições técnicas na base da TAAG, em Luanda, a companhia angolana retoma de imediato os voos entre as duas capitais.

Corredor do Lobito

Mas os ganhos da visita do Presidente José Eduardo dos Santos à RDC não se resume à mobilidade de pessoas e bens por via aérea. Tem também o sector ferroviário. Angola deu recentemente por concluído o ramal dos Caminhos de Ferro de Benguela, da terra das acácias rubras ao Luau, no Moxico. Uma obra financiada exclusivamente pelo Governo angolano, mas que tem um grande impacto na região, devido ao Corredor de Desenvolvimento do Lobito.


A assinatura do acordo sobre serviços de transporte ferroviário entre Angola e a RDC tem importância capital para um dos segmentos nevrálgicos da economia congolesa: o sector mineiro. Em declarações ao Jornal de Angola, o ministro dos Transportes e Telecomunicações da RDC, Justin Kalumba, co-signatário dos acordos, realçou a importância do acordo no domínio ferroviário, lembrando que o Corredor de Desenvolvimento do Lobito foi em meados da década de 70 a principal porta de entrada de produtos no então Zaire.

A vez de Kinshasa

O ministro congolês admitiu que nos últimos tempos o Corredor de Desenvolvimento do Lobito não tem jogado o seu papel, pelo que, agora, com a assinatura do acordo com Angola, o governo congolês fica mais galvanizado e motivado a avançar com o projecto de reabilitação de 427 quilómetros do troço que compõe a parte congolesa no ramal. “Se trabalharmos como dois países vizinhos, duas partes realmente interessadas, vamos ter vantagens mútuas, no escoamento da nossa produção mineira, que poderá ser escoada para o porto de águas profundas do Lobito”, referiu o governante congolês, que adiantou estar já em curso um trabalho conjunto no sentido de uniformizar as infra-estruturas e a busca de um mecanismo de gestão das exportações para proporcionar maiores trocas entre as duas partes.

Efeito multiplicador

Pela parte angolana, o ministro Augusto Tomás declarou que os acordos firmados ontem, em Kinshasa, criam “condições objectivas” para regular o fluxo de pessoas e mercadorias na fronteira comum, que não tarda começará o efeito multiplicador.


“Tendo em consideração o volume de investimentos que o Governo angolano está a fazer a nível dos portos, aeroportos, caminhos-de-ferro e na rede fundamental de estradas, era legítimo esperar que esses acordos fossem tornar-se realidade”.


O ministro dos Transportes olha um pouco mais para frente e realça a perspectiva do mercado de consumo de bens e de serviços. “O nosso mercado é de 24 a 25 milhões de consumidores e a RDC tem acima dos 75 milhões, o que alarga para 100 milhões de pessoas”, frisou Augusto Tomás.


Já o director para África da divisão África do Ministério das Relações Exteriores, Joaquim do Espírito Santo, considerou a visita do Presidente José Eduardo dos Santos à República Democrática do Congo “um marco na história das relações” entre os dois países.


“As nossas relações políticas são excelentes, chegou a altura de trabalharmos para relançar a cooperação económica. Esta visita vai marcar uma nova etapa nas relações de cooperação entre os dois países, os acordos vão permitir que haja movimento de pessoas e bens entre os dois países, mas também uma nova dinâmica nas duas economias”, assinalou.

Encontro privado

As negociações entre delegações governamentais aconteceram à margem de um encontro privado entre Joseph Kabila e José Eduardo dos Santos. O líder angolano convidou o seu homólogo a visitar Angola.


Os resultados do encontro, no Palácio das Nações, foram tornados públicos, através de um comunicado, em que se destaca o facto de o Chefe de Estado angolano, que é o líder em exercício da Conferência Internacional para Região dos Grandes Lagos (CIRGL), elogiar o que foi feito pelo homólogo congolês para cumprir com o Acordo de Addis Abeba, sob a égide das Nações Unidas e da União Africana.


O líder congolês felicitou o Presidente José Eduardo dos Santos pelos esforços que tem feito em prol da estabilidade regional e do continente. Os dois acordaram em trabalhar de forma entrosada para combater as forças negativas que actuam no Leste da RDC e que ameaçam a estabilidade e o desenvolvimento dos dois países e da respectiva região.


José Eduardo dos Santos e Joseph Kabila fizeram um apelo a favor da paz e da estabilidade no mundo e condenaram o recrudescimento do terrorismo à escala global. Um fenómeno que na opinião dos líderes deve ser combatido por todos, já que os mais recentes acontecimentos demonstraram que nenhuma nação está imune.


Acompanharam o Presidente José Eduardo dos Santos nessa visita à RDC, entre outras personalidades, o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Edeltrudes Costa, os ministros das Relações Exteriores, dos Transportes e do Comércio, Georges Chikoti, Augusto Tomás e Rosa Pacavira de Matos.

Via JA

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